CONFIRA A MATÉRIA ORIGINAL AQUI
A história já consta dos anais do folclore político de Alagoas.
Conta-se que após o primeiro encontro entre Ronaldo Lessa e o governador Renan Filho, ao sair do Palácio, o pedetista se dirigiu ao assessor que o acompanhava e perguntou:
– Será que ele quis me ensinar engenharia?
É o estilo Renan Filho: falar muito, sobre qualquer coisa, e ouvir pouco ou nada – de preferência.
Claro que isso tem consequências políticas (da vida pessoal dele eu nada sei nem quero saber), basta ver a situação trágica vivida por ele no fim do seu segundo mandato.
Pois eis que na assembleia da Região Metropolitana de Maceió, na quinta-feira (sobre os R$ 2 bi da BRK), Renan Filho teve de ouvir o discurso contundente do deputado Davi Maia – de saída do DEM para o PSDB -, que se armou de ótimos argumentos contra a proposta de partilha da grana feita pelo governo do Estado.
O deputado é o único oposicionista para valer de Renan Filho na Assembleia, se tornando um “carrapato” a incomodar Filho & Os seus (que o diga Alexandre Ayres).
É bem verdade que na quinta-feira Davi Maia errou na dose, passando do ponto da civilidade várias vezes na sua fala, o que acontece sempre com quem busca se amparar nos adjetivos.
Mas foi na parte substantiva que o deputado fez valer o seu importante papel – todo mundo no poder precisa de oposição -, fazendo o que muitos, inclusive no entorno de Renan Filho, dariam um boi (e não precisa ser de ouro) para fazer.
Salvou o governador de um vexame maior o secretário George Santoro, um dos mais competentes técnicos e hábeis políticos da equipe de Filho.
Literalmente, ele segurou o braço do governador em vários momentos do discurso de Davi Maia, mostrando respeito pelo adversário – ainda que irritado – e cuidado com o chefe.
Marcelo Victor também cumpriu seu papel de aliado de Filho na reunião: apressou a votação dos presentes “porque ninguém aguenta esse discurso de tecnocrata”.
Quem acompanha o dia a dia da Assembleia sabe que ele até estimula o “discurso de tecnocrata” entre seus pares. A saída foi política.
O mais importante: Renan Filho ouviu como nunca. Doeu, mas sobreviveu – como sempre.